Muito antes dos colonizadores europeus chegarem na América, cacau já fazia parte da vida dos nativos, principalmente entre os Astecas na região onde hoje situa-se o México e junto aos Maias na América Central.
Originário do cacaueiro, uma árvore com forte significado místico e considerada sagrada por esses povos, o cacau já era consumido como alimento e seu cultivo ocorria através de cultos e cerimônias religiosas.
Pelo seu valor, as suas sementes eram utilizadas como referência em escambos, ou mais diretamente, como moeda. Historiadores retratam que até escravos eram comprados pelo equivalente a 100 sementes de cacau e o escritor Pietro Martire d’Anghiera, em sua obra “Sobre o Novo Mundo”, relata que o “cacau fornece uma doce bebida e é benéfico para a humanidade, protegendo os seus possuidores contra a infernal peste da cobiça, pois não pode ser acumulado muito tempo nem escondido nos subterrâneos”.
Estudos arqueológicos (*) apontam que as sementes de cacau passaram a ser aceitas como pagamento de impostos pelos reis daquele período, que depois de secas ou fermentadas, essas sementes tinham valor e boa durabilidade.
O cacau era palatável não apenas pelo doce chocolate como também para grandes feitos econômicos, o que fez surgir o cacau-moeda, inclusive em transações internacionais.
Talvez daí surgiu a expressão popular de se ter “muito cacau no bolso”, para exemplificar que alguém tinha muito dinheiro.
Por volta de 1520 muitas novidades das América foram levadas para a Europa e o cacau foi uma delas, chegando à Espanha, porém só no séc. XVII uma rota marítima foi estabelecida para atender a nova demanda espanhola e europeia (**) por cacau, pois ele não teve tanta importância até que os holandeses se dedicaram ao processamento para torná-lo menos amargo e menos ácido, o que determinou sua disseminação pela aceitação popular.
Com o passar do tempo, o cacau foi tendo cada vez mais relevância em virtude do crescimento do consumo do chocolate e o inevitável cultivo em outras regiões, chegando ao Brasil, oficialmente em 1679.
Os derivados do cacau na atualidade, tem inúmeras aplicações, desde alimento energético para tropas militares às tradicionais barras de chocolate adoradas pelas pessoas. O chocolate passa por aplicações em cosméticos, doces, bebidas alcoólicas, bebidas lácteas e até no tabaco.
O chocolate libera endorfinas que melhoram o humor e a ansiedade e ainda combatem a depressão e o desânimo. Além disso, ele fornece energia, melhorando a disposição para as atividades diárias, e concentra outras substâncias, como triptofano, teobromina, feniletilamina, fenilalanina e tirosina, que reforçam a sensação de bem-estar (***).
Como ingrediente para indústria alimentícia o cacau tem uma expressiva utilização como suco, polpa e também na apresentação em pó, para aplicação industrial na produção de chocolates, coberturas, misturas para bolos, panificação, sorvetes, biscoitos, achocolatados, recheios, aromas e essências.